Os luxos de Belém

O anjo rastejante

 

Segundo o Diário de Notícias, a Presidência da República custa 16 milhões de euros por ano (163 vezes mais do que custava Ramalho Eanes), cerca de 1,5 euros a cada português. Este é dinheiro que, para além de pagar o salário de Cavaco Silva, sustenta ainda os seus 12 assessores e 24 consultores, bem como o restante pessoal que garante o funcionamento da Presidência da República.

Esses 16 milhões de euros gastos todos os anos pelo Palácio de Belém colocam Cavaco Silva entre os chefes de Estado que mais gastam em toda a Europa, já que o Rei Juan Carlos de Espanha se fica pela metade, oito milhões de euros, e terá sido ultrapassado apenas pelo ostensível presidente francês Nicolas Sarkozy (112 milhões de euros) e pela Rainha de Inglaterra, Isabel II, que gasta 46,6 milhões de euros anuais.

Já estamos habituados às comparações dos políticos com outros países da Europa, em especial quando se pretende cortar nos direitos de quem trabalha, sem atender aos salários que por lá são muito mais altos, ou outros indicadores que nos são desfavoráveis, em regra, mas que não entram em linha de conta nessas exercícios.

Seria interessante que também aqui o presidente se desse ao trabalho de comparar os gastos da sua presidência com os de outros chefes de Estado europeus, antes de vir debitar discursos sobre a inevitável austeridade que nos tem sido imposta.

O facto é que saímos mal em qualquer destas comparações. Desde logo porque o presidente francês tem muito maiores responsabilidades políticas do que o português uma vez que o regime gaulês é presidencialista. Já no caso espanhol, Juan Carlos chefia um Estado com quatro vezes mais população do que Portugal e muito mais extenso em território. E da Inglaterra nem se fala, dados os pergaminhos seculares da instituição monárquica, o facto de ser um Reino Unido, a Commonwealth e tudo o mais. Há qualquer coisa aqui que não bate certo, apesar de Cavaco dizer que está para nascer pessoa mais séria do que ele… Quando se corta nos salários, pensões, reformas, benefícios sociais e paralelamente se mantêm vivos e de boa saúde luxos que os nossos amigos europeus parecem dispensar.

Isto para não falar ainda de cerca de um milhão de euros que todos os anos sai do bolso dos contribuintes para pagar pensões, benefícios e mordomias aos antigos inquilinos do palácio de Belém.

 

Fonte: Brissos Lino, O Setubalense, 1/2/13.

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