Confusa e magoada

A estória da passagem da cantora Nucha por uma igreja evangélica, há alguns anos atrás, na sequência de uma tentativa de suicídio e de ter sido abandonada pelo marido, na altura, veio agora à baila numa entrevista de televisão.

Nela a artista refere-se de forma desprimorosa a “essas igrejas” (subentende-se evangélicas), queixou-se de ter sido “pressionada” quando abandonou a igreja onde congregava, dizendo que  “essas igrejas fazem umas lavagens ao cérebro assim um bocado estranhas”. Testemunhou que lhe teriam dito que “saindo dali estaria entregue ao demónio”, e referiu-se a “pessoas doentes”.

Mas ao mesmo tempo entra em contradição, ao afirmar que, na altura, se sentiu muito bem lá, numa fase difícil da sua vida.

Pois bem, estas palavras injustas, imprecisas e pouco esclarecidas revelam que estamos perante uma pessoa que nunca parece ter crescido na fé, o que se podia atestar, aliás, pelo teor do seu discurso na altura. Agora define-se como “católica apostólica romana” que vai a Fátima mas não vai à missa, pois diz que a sua igreja é em casa…

Mas as suas palavras são também características de uma pessoa magoada e desiludida por alguma coisa. Pode ela ter até boas razões para afirmar o que disse da igreja que frequentava, admito, mas daí a meter no mesmo saco todos os evangélicos é atitude muito pouco séria que não lhe fica bem, até porque a Nucha, tanto quanto se sabe, estava longe de conhecer a realidade evangélica em Portugal, a qual é extremamente heterogénea.

Se cada pessoa desiludida falasse mal de toda uma confissão religiosa, não escapavam católicos nem ortodoxos, nem coisa nenhuma. Quando se mete tudo no mesmo saco revela-se pouco discernimento, mas sobretudo alguma mágoa.

Quando uma artista se converte à fé evangélica podem acontecer duas coisas. Por um lado a igreja aproveitar-se dela como bandeira. Por outro lado, a artista aproveitar-se de um novo público, atento, carinhoso e ali à disposição (em especial numa fase em que a sua carreira está no chão). Ambas as possibilidades são lamentáveis. Os evangélicos não deveriam ceder à tentação de utilizar bandeiras, nem tão pouco de permitir ser usados por interesses particulares.

À Nucha desejo sinceramente que vença a doença física, mas que seja curada também na sua alma. E peço a Deus por ela.

3 thoughts on “Confusa e magoada

  1. Bom dia,já o conheço há muitos anos e agora através do facebook d um dos meus filhos li sobre a Nucha e os comentários d várias pessoas. Onde eu não “posso” comentar,infelizmente cmo a Nucha existem mtas pessoas, qdo começam a ir à igreja(evangélica) são recebidas da melhor forma nessa altura todos são excelentes pessoas.Depois existem lideres q falam a realidade da vida outros q fazem c q as pessoas pesem q é um mundo à parte.Sei q nem todas as igrejas são iguais GRAÇAS A DEUS , mas em todas existem aquelas pessoas q se acham super cristãs q jejuam,oram mtas horas q se dizem um exemplo,etc.Mas qdo as coisas acontecem os super cristãos tornam-se em pessoas q não sabem lidar c as coisas q só criticam,há tanto p dizer.Talvez pareça um pouco confuso mas eu sou mais uma das pessoas q fiquei mto magoada c mta gente d igreja.Passei por momentos dificeis,errei mto,mas aqueles q eram os grandes exemplos tornaram-se nas piores pessoas q um dia pode conhecer,porque deles nunca esperamos certas atitudes.Aceitei Jesus há 23 anos,durante 18 anos vivi uma vida intensa d igreja,fui lider de alguns departamentos.Há 5 anos passei pla tal situação e nunca mais fui à igreja,porque infelizmente sei q ao entrar nunca iria ser vista c os mesmos olhos e as pessoas em vez de estarem no culto a orar e a louvar a Deus iriam estar a pecar murmurando sobre mim.Há mtos anos alguém me disse segue sempre a Deus cmo exemplo porque Ele não te vai desiludir e nunca duvides Dele por causa dos erros daqueles q o seguem.É a 1ª vez q estou a desabafar,mas atençao aquilo q s passou na minha vida,passou-se na vida d muita gente criatã e eu sempre ouvia dizer:temos de ajudar Deus perdoa,esta pessoa não se pode perder,etc.Mas qdo me aconteceu aonde estavam essas pessoas tão boas.Obrigada

  2. Olá Maria Adelino.
    Percebo-a perfeitamente. “Nasci na igreja” que frequentei durante 22 anos. Demasiadas questões e mágoas que passei na igreja mexeram comigo e decisi afastar-me. Os famosos super-cristãos foram os que mais me desiludiram, aliás, apenas esses. Os cristãos humildes são dos que sinto falta, mas já são pouco. Noto que há uma certa arrogância em muitos crentes nos dias de hoje, usam e abusam do termo “escolhidos” e hasteiam bandeiras a torto e a direito. Deixe-me dizer-lhe que conheço pessoas que nada têm a ver com a igreja, e que são verdadeiros exemplos de fé, com corações limpos e que levam vidas simples e dignas.
    O que me tem perturbado é o que diz no final: “temos de ajudar, Deus perdoa,esta pessoa não se pode perder,etc.Mas qdo me aconteceu aonde estavam essas pessoas tão boas”. Exactamente. Como eu compreendo.

  3. Aprecio sinceramente a leitura que o autor deixou aqui. Numa análise elucidativa e pertinente, ele consegue enquadrar objectividade e compreensão.
    Aplauso para a forma como nos recomenda uma posição excelente, e positiva em relação a casos como este.
    Obrigada, Doutor Brissos Lino.
    Deus o abençoe.

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