Palavras perdidas (1137)

“Os dirigentes do país acostumaram-se a empurrar, nas alturas de crise, as responsabilidades por ela para as vítimas dela. É o seu estratagema de impunidade.

Insidiosamente, os trabalhadores vêem-se, assim, invectivados por não produzirem, os desempregados por não se haverem modernizado, os jovens sem colocação por se mostrarem ávidos de consumismos, os reformados por adornarem a sustentabilidade da previdência social, os doentes crónicos por serem viciados em fármacos e intervenções cirúrgicas.

Tornou-se hábito aparecerem em público uns senhores de rostos severos a admoestarem-nos por «gastarmos mais do que ganhamos», por «ganharmos mais do que produzimos» e por «vivermos acima das nossas possibilidades». Não se sabe, entretanto, o que isso realmente significa.”

(Fernando Dacosta, Ionline)

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