Cuidar da casa comum

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Participei com prazer num evento da Cáritas Diocesana de Setúbal, há quinze dias, juntamente com Viriato Soromenho Marques e outros oradores, o qual colocava o foco no meio ambiente e na humanidade, com forte inspiração na vida e obra de Francisco de Assis.

Não se fala muito destas coisas, mas existe uma preocupação ambiental na Bíblia, pois já se descobriram nela cerca de 2.400 versículos que se referem ao meio ambiente, o que perfaz quase 8% do total dos textos bíblicos.

Do ponto de vista cristão, há um conjunto de razões para nos comprometermos com o meio ambiente.

Desde logo porque para os crentes o meio ambiente é Criação de Deus. Destruir a Natureza é destruir a obra de Deus. Apocalipse 11:18 fala num: “(…) tempo de destruíres os que destroem a terra.”

Depois, porque a Natureza reflete a bondade e a glória de Deus, proclama o Seu carácter (beleza, harmonia, perfeição). Deus importa-se com ela, e ensina-nos através dela.

Outra razão é o facto de Deus utilizar a Natureza para proporcionar qualidade de vida, e preservação da saúde aos seres humanos, quer através das condições para a prática duma vida saudável pelo exercício físico ou o desporto, quer através das substâncias que a farmacologia utiliza.

Mas também porque Deus entregou aos seres humanos a responsabilidade de guardar e cuidar do meio ambiente. A Bíblia diz em Génesis 2:15 “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e guardar.” Deus quer que sejamos dignos de confiança na mordomia dos nossos recursos. A Bíblia diz em 1 Coríntios 4:2 “Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel.”

Finalmente, porque não temos o direito de privar as gerações presentes e futuras de usufruir de um meio ambiente harmonioso.

Mas se a Natureza é obra divina, é importante e deve ser preservada, muito mais a Humanidade.

O conceito de “casa comum” tem chocado de frente com muitos dos pecados sociais: os nacionalismos, a xenofobia, o racismo, o colonialismo, a escravatura, o tráfico de pessoas e o apartheid. Mas também com a discriminação de género ou de identidade sexual (homem-mulher, homo-hetero). Mas também com a discriminação etária (crianças, idadismo).

Mas também com o presente sistema de capitalismo selvagem, que promove o deslaçamento social, a falta de coesão, a pobreza, a fome e a subnutrição, assim como todas as injustiças no mundo.

Todos temos responsabilidade. Não são só os líderes religiosos que devem denunciar o actual estado de coisas, mas cada cristão e cada homem e mulher de boa vontade.

 

Fonte: José Brissos-Lino, O Setubalense, 16/3/18.

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